POETAS DE ESTETO NA MÃO | O Ângulo Morto

Vida inquieta

repleta de incongruências

Como as minhas dobras, os meus vincos

Não tenho rótulos de a quem pertenço

E apenas guardo na minha "memória"

as incontáveis pessoas a quem dei colo

a quem dei descanso

Sou apenas um colchão,

branco,

Poderão dizer que

tenho apenas uma cor,

sou baço,

e sem piada alguma

Mas se calhar...

Sou a soma de todas as que existem

Um prisma de luz

A luz que guia os espíritos

mais cansados...

Sou o último abrigo dos que partem

O último conforto

Tento abraçar de uma maneira que só

as pessoas sem braços sabem.

Mas também sei ser aquele que proporciona

algum descanso

a quem quer apenas uma sesta

Estar neste quarto é mesmo uma benção

Conheço tanta gente,

Ouço tanta gente

Sinto o cheiro de tanta gente

(Mesmo no meio do éter)

E aprendo todos os dias

que não há géneros, idades, raças ou etnias

Há apenas pessoas,

E muitas vezes esquecemo-nos

Que tudo o que importa, 

são mesmo, as pessoas

Autoria: António Lopez

Edição de Imagem: Catarina Simões