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Bárbara Pereira | VolleybalL

 
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Como iniciaste o teu percurso no voley? Como é que foi a tua jornada até chegares ao Sporting? 

Eu comecei a jogar por volta dos 13 anos por influência de uma professora minha que reparou que eu era relativamente alta para a minha idade e incentivou-me a ir experimentar o voleibol que na altura havia na minha escola. A partir daí e nos 3/4 anos seguintes joguei sempre nos campeonatos do desporto escolar, muitos dos quais em duplas que fazia com a minha irmã. Começamos a ganhar bastantes competições e todos nos aconselharam a ingressar para o desporto federado para podermos evoluir mais e atingir um nível superior. Assim, em 2013 ingressei no projeto do Rosário Volei e no ano seguinte fui para o Porto Vólei onde terminei a minha formação. Aos 18 anos, mudei me para Lisboa para vir estudar Medicina e iniciei o meu percurso no Campeonato Nacional Sénior da 1ª divisão pela equipa da Lusófona. No fim dessa época, apareceu a oportunidade de jogar pelo Sporting, clube que defendo neste momento. 

Qual é que consideras o maior marco no mundo do desporto? 

Felizmente, o mundo do voleibol já me proporcionou muito bons momentos como alguns títulos que fui conquistado durante a minha formação a nível regional e nacional. A nível sénior destaco uma final 4 da taça de Portugal no meu 1º ano de sénior e o título do ano passado pelo Sporting que sem dúvida teve um sabor muito especial. 

A partir de que momento é que começaste a ponderar o curso de medicina e porquê? 

Comecei a ponderar medicina por volta dos 12/13 anos quando me apercebi do papel humanitário que a profissão tinha aliado sempre a uma grande curiosidade por descobrir como “tudo funcionava”. Contudo, estive sempre muito indecisa entre a ideia de ser médica e um sonho de pequenina de trabalhar na NASA e em algo relacionado com o espaço. Só perto da altura da candidatura tomei a decisão definitiva, decisão da qual neste momento agradeço por ter tomado. 

Como é que é uma semana normal de faculdade e de treinos para ti? Quantas vezes costumas treinar por semana? 

Eu costumo treinar 4 dias por semana ao fim da tarde/inicio da noite cerca de 40min a 1h de ginásio (dependendo do dia da semana) seguido de 1h30 a 2h de treino coletivo. Normalmente às 6ª conseguia para além desse treino da noite, treinar 1h30 à hora de almoço entre as aulas da manhã e as da tarde. Tenho a sorte da faculdade ser perto do meu local de treinos e, portanto, permitia-me esse “escape rápido”. Portanto, um dia normal para mim seria durante a maior parte do dia estar focada na faculdade e ao fim da tarde mudar o “chip” para o voleibol. Para além dos treinos durante a semana, os campeonatos de voleibol obrigam sempre a 1 ou 2 jogos todos os fins de semana, pelo que grande parte do meu fim de semana acaba por ficar reservado para o voleibol.

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Como é que estás a manter a forma neste período de quarentena? 

Na verdade não está a ser fácil. O voleibol é um desporto que, por um lado, exige uma condição física rigorosa e continua e, por outro lado, uma parte técnica muito baseada na repetição que em quarentena não é de todo possível. Esta situação vai ter um grande impacto nos atletas que tento minimizar com alguns exercícios dentro de casa e uma alimentação cuidada. 

Consideras que consegues manter o mesmo nível das colegas da tua equipa ou de outras equipas que treinam a “tempo inteiro”? Ou sejas, achas que ser estudante-atleta é impeditivo de chegares ao teu máximo? 

Nunca é a mesma coisa estar a 100% focada no desporto ou estar dividida entre duas grandes atividades que exigem elevada dedicação e tempo. Quem tem disponibilidade total para o desporto acaba por ter algumas vantagens como o próprio descanso, o cuidado redobrado com a própria nutrição e recuperação física, a possibilidade de dedicar um maior número de horas seja à condição física ou à técnica, e até talvez uma parte psicológica mais calma já que quem tenta dividir-se tem de ter sempre uma gestão mental constante, adaptativa e contínua. Contudo, da mesma forma que considero essas desvantagens para quem concilia o desporto com o ensino superior, também acho que existem vantagens das quais não prescindiria como a possibilidade de conciliar e conseguir fazer duas atividades que adoro em vez de apenas uma, de conhecer novas pessoas, de passar por momentos muito bons, de aprender muita coisa nova…

Que conselhos darias a um colega para que se tornasse mais fácil conciliar vida desportiva com vida académica? 

Pela minha experiência, eu considero que existem alguns pontos fundamentais: 

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  • Gosto – Penso que se tivermos prazer naquilo que fazemos fica mais fácil e, principalmente nos momentos de maior cansaço, ajuda a ter uma motivação extra;

  • Organização – É mesmo verdade o que dizem sobre: “Quanto menos tempo temos, melhor o aproveitamos”. A gestão do tempo é fundamental, principalmente num curso como o de Medicina em que somos confrontados com um tsunami gigante de matérias. Para mim tornou-se essencial um estudo contínuo e regular desde o início do semestre para que tenha uma época de exames mais tranquila e continue a conseguir conciliar as duas atividades ao longo de todo o ano;

  • Trabalho árduo – Em duas áreas que exigem elevado tempo e dedicação, com foco e com muito trabalho acho que podemos ter sucesso nos dois mundos;

  • Priorização – Infelizmente o tempo não estica como às vezes dava jeito e, portanto, acho que é preciso tomar decisões consoante os objetivos que pretendemos atingir em cada uma das áreas, o que pode passar por prescindir de algumas atividades-extra em prol de outras ou de diminuir o tempo de algumas em certas alturas do ano letivo/época desportiva.

Queres partilhar algum exemplo de um plano de treino simples para fazer em casa?

Normalmente começo por uma corrida de 15min e depois passo para um conjunto de exercícios mais localizados maioritariamente usando o peso do corpo, um elástico e um garrafão de improviso. Tento fazer 3 séries de 10 repetições de diferentes exercícios como por exemplo: agachamento/afundos com peso, pranchas, flexões, ponte de glúteos, saltos, mountain climbers….tentando variar para não ser muito monótono dado que esta quarentena já vai longa.