Rodrigo Matias Lopes, 6º ano, Judo

Como iniciaste o teu percurso no judo? Já tinhas praticado algum desporto antes?

Comecei a fazer judo quando tinha cerca de 4 anos. Fui fazendo outros desportos nomeadamente basquetebol, natação e futebol, mas por volta dos 12 anos, quando tive de optar por um deles, para poder treinar todos os dias e começar a competir mais a sério, escolhi o judo. Embora tenha continuado a praticar outras modalidades ao nível do desporto escolar.

Qual é que consideras o teu maior marco no mundo do desporto?

Um dos momentos que mais me marcou foi sem dúvida o título de Vice-campeão da Europa Universitário. Em termos coletivos, quando fomos Campeões Nacionais de Equipas Juniores derrotando o Sporting na final, foi um momento também ele muito marcante.

A partir de que momento é que começaste a ponderar o curso de medicina e porquê?

Honestamente, durante o secundário nunca soube muito bem o que queria fazer, mas sempre tive medicina como uma possibilidade. Apesar de não ter pais nem familiares próximos médicos, a minha irmã mais velha tinha entrado para medicina, e talvez, sendo ela uma das pessoas que mais admiro, isso tenha tido algum peso na minha decisão.

Quais consideras as maiores dificuldades na conciliação do desporto de alta competição e a Universidade?

Para mim é o desgaste, não só físico como mental. O descanso é fundamental na vida de um atleta e de um estudante, mas quando se treina e estuda ao mesmo tempo esse aspeto acaba muitas vezes por ser descurado. A minha rotina nos últimos anos passou por ir ao ginásio às 7:00, depois ir para a faculdade e à noite treinar, jantando depois das 23:00, sendo que no dia seguinte tinha de ir novamente ao ginásio antes das aulas. Isto para não falar nos fins de semana de competição e estágio em Portugal e no estrangeiro.

Quais é que são os teus principais objetivos/ sonhos tanto no judo como a nível pessoal?

Em termos desportivos uma pessoa sonha sempre com os Jogos Olímpicos, de momento é um sonho quase que utópico visto que para aspirar a tal teria de pôr a Medicina em stand by, algo que, para já, não passa pelos meus planos. A nível pessoal passa por encontrar uma especialidade que me realize profissionalmente, provavelmente com uma ligação ao mundo o desporto.

Consideras que existe algum limite de evolução quando se tenta treinar e estudar ao mesmo tempo? Ou sejas, achas que ser estudante-atleta é impeditivo de chegares ao teu máximo?

Sim, várias vezes senti que não estava a render tudo o que eu sabia que conseguia, mas isso é inevitável. Para conseguir competir ao mais alto nível teria de ter feito o curso em mais do que 6 anos. Fiz o curso no tempo previsto sem nunca chumbar a nenhuma cadeira, e isso acaba por se refletir no judo, visto que, para tal, tive de abdicar de alguns estágios e competições, tanto a nível nacional como internacional.

Que conselhos darias a um colega para que se tornasse mais fácil conciliar vida desportiva com vida académica?

Creio que o mais complicado nesta gestão acaba por ser a motivação e nesse sentido um conselho que me parece oportuno passa por tentar arranjar objetivos a curto prazo. Isto porque se nos limitamos a pensar no resultado final que queremos alcançar, é fácil perder a motivação porque esse resultado muitas vezes demora meses ou até anos a atingir. Assim, acho que termos metas intermédias é importante para conseguirmos perceber que estamos a evoluir e que o nosso esforço está a ser recompensado.