Mariana Marianito | ginástica artística

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 Quando e como iniciaste o teu percurso na Ginástica Artística? 

Iniciei o meu percurso na Ginástica Artística aos 5 anos. Quando era pequena passava muito tempo com a minha avó sempre que não estava no infantário, porque os meus pais geralmente saíam tarde do trabalho. Era ela que me ia buscar ao infantário e que ficava a tomar conta de mim e da minha prima enquanto os nossos pais não saíam dos seus trabalhos. Os meus tios são os dois professores de educação física e também treinadores no ginásio onde eu treino e por isso, muitas vezes a minha avó levava-me a mim e à minha prima para lá. Com isto, e como eu sempre fui muito irrequieta, aos 3 anos a minha avó inscreveu-me a mim e à minha prima no baby gym, uma aula que era dedicada para os meninos mais pequeninos. Aos 5 anos, a minha professora do baby gym sugeriu à minha avó que eu fosse experimentar uma aula de Ginástica Artística e desde aí que fiquei completamente apaixonada.

Porquê a Ginástica Artística? O que te fascina nesta modalidade e qual o teu aparelho preferido?

Na verdade, nunca houve uma razão especial para a Ginástica Artística. Simplesmente era um desporto que eu adorava ver e que sonhava em ser como as ginastas profissionais. Sempre gostei de desafios e de estabelecer objetivos e principalmente de os alcançar. Sempre fui muito ambiciosa e nunca desistia sem alcançar os meus objetivos e acho que é isso que me fascina neste desporto, porque nunca há um limite. Podemos sempre ir mais longe e ser cada dia melhores do que no dia anterior.

O meu aparelho favorito é sem dúvida a trave, mas também gosto muito de solo.

Como é habitualmente a tua rotina de treino/quantas vezes treinas por semana?

Durante o período de aulas costumo treinar normalmente 7x por semana. Durante as férias costumo treinar 10x por semana. Geralmente os meus treinos duram cerca de 3 horas e meia.

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Qual consideras ter sido o teu maior marco no mundo do desporto até à data? Qual é o teu maior sonho/objetivo a atingir

Até à data, o melhor resultado que obtive a nível nacional foi o de campeã nacional e a nível internacional foi numa Taça do Mundo, em Szombathely (Hungria), onde obtive o 4º lugar em solo.

O meu maior objetivo é competir nos jogos olímpicos.

Com a pandemia que atualmente vivemos, como é que tens adaptado a tua vida enquanto atleta?

Com a pandemia, a minha vida desportiva não alterou muito no que diz respeito aos treinos. Como sou atleta da seleção nacional continuo a ter treinos presenciais. A única diferença é que, em vez de sermos 40/50 pessoas a treinar ao mesmo tempo, somos apenas sete: quatro raparigas e três rapazes (somos as únicas pessoas que têm autorização para treinar). Em relação às competições, ultimamente têm sido todas canceladas, mas irão começar novamente agora em Março, apenas para a equipa nacional, para decidir quem irá fazer parte da equipa presente no próximo Campeonato da Europa em Abril.


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Frequentas atualmente o 2.º ano da Licenciatura em Ciências da Nutrição na FMUL. Como concilias a Universidade com a ginástica de alta competição? Quais são as maiores dificuldades?

Sinceramente, não tem sido nada fácil. Todos sabemos que a faculdade por si só não é fácil, requer muito tempo de trabalho e de estudo diário, já para não falar do tempo que as aulas ocupam. Pessoalmente, esta pandemia não veio ajudar em nada. Quando eu achei que iria ter mais tempo para dedicar à faculdade ou até mesmo para descansar (que é uma palavra que não existe no meu vocabulário), tivemos muitos trabalhos e o meu tempo começou a apertar. Normalmente tenho 5/6 trabalhos semanais para fazer e um fim-de-semana para mim não chega, por isso as minhas semanas resumem-se a 2/3 horas de sono por noite, quando não faço várias diretas por semana. Isto só me prejudica porque sem dormir não tenho nem rendimento escolar nem rendimento desportivo, mas neste momento são as condições que tenho. Tem sido mesmo um ano horrível, mas eu sei que desistir não é opção e se continuar sempre a lutar por mim e pelos meus objetivos eu vou conseguir chegar ao fim, custe o que custar.

Que conselhos darias a um colega para que se tornasse mais fácil a gestão destes dois mundos? 

Sei que não é nada fácil, mas desistir não é opção! O importante é manter o foco e tentar ao máximo não perder a motivação, tanto na faculdade (que é o que te vai dar um futuro) como nos treinos (que vai ser o único momento que vais ter para “descansar” e para aliviar a cabeça). Vive cada momento, aproveita bem aquilo que estás a fazer sem pensar no que ainda tens para fazer e sobretudo, vive um dia de cada vez! E boa sorte, porque não vai ser nada fácil… :)